
Ouvi à hora de jantar qualquer coisa do género…
“Eles sentem mais a solidão que elas… quando há uma separação!”.
Um, entre vários argumentos utilizados para fundamentar tal frase imperativa, referia que elas, “compensam a ausência dele com a presença do(s) filho(s)”.
Confesso que na altura, devido ao motivo anterior de conversa e à própria acústica do local onde me encontrava, tive que controlar uma vontade súbita de argumentar e rebater o que estava a ser apresentado! Resolvi não o fazer… se houver nova oportunidade, de mais fácil dialogo, garantidamente que argumentarei!
Enquanto tenho voz activa neste mesmo espaço, permito me divagar, ruminar e regurgitar, todos os pensamentos e ideias que me passam literalmente pela marmita. Assim sendo, e na minha modesta opinião, solidão, não tem sexo! Não tem idade! Não tem experiência! Não tem lugar! Não tem amigos! Não tem espaço! Não tem som! Não tem filhos! Não tem cor! Não tem pais! Não tem palavras! Apenas e só… Tem vazio!
Se me disserem, que num mecanismo de auto defesa, alguém compensa essa solidão, preenchendo o espaço, com um filho, com um amigo, com umas aulas de dança, com o trabalho, com uma viagem, com um carro, com a casa arrumada, com trinta mil actividades… é única e exclusivamente uma (várias) forma(s) de “enganar a fome”.
Aquele espaço, onde somos compreendidos de forma diferente… onde há vezes em que deixamos de ser eu, para passarmos a ser nós… ou fazemos a viagem de nós, até eu… O colo! Os mimos! Os carinhos! O Amor! O olhar! O toque! A forma como se chama e somos chamados! O programa! A forma como se dialoga! A forma como o sexo se confunde com o amor… e amor se torna sexo! O Sexo! O ser se ridiculamente parvo para se dar tudo! O mundo enorme construido a dois! O simples… e todos os compostos!
E podia continuar esta lista… interminável!
A ausência de todos estes pequenos/grandes condimentos de uma vida, por muitos filhos e afins que se tenha… não me parece que sejam o preenchimento seja para o que for!
Volto à pergunta, “Quem sente mais falta do quê?”
Não sei! Para mim, apenas depende de quem tem a capacidade de ver, perceber e admitir. Quem estiver mais ciente e consciente dessa situação, é quem consegue sentir e assumir mais falta dele ou dela… mas ao mesmo tempo, é quem consegue conviver melhor com essa situação!
Deixo ficar uma última “dica” ou “sinal”, quando temos o nosso interior desarrumado… existe uma quase “obsessão” de arrumar o exterior, metaforicamente falando, funciona como que o nosso inconsciente, já que não consegue arrumar o interior tente buscar no exterior essa arrumação, paz e harmonia!
Por isso, manias da arrumação obsessiva, tem muito que se lhe diga… digo eu e não só! ;-)