O’questrada… é o nome de uma fusão de pessoas, sons, vidas, gostos e ideias…
São residentes na zona velha de Almada, vivem nos subúrbios de uma capital europeia, mas vivem com esse mesmo modo e estilo de vida… de quem olha a cidade ao longe, sem almejar um dia vir a viver na “grande” cidade, “pararam” um pouco por acaso ali e ali aprenderam a amar aquele espaço e tudo o que lhes proporciona!
O vídeo que apresento neste espaço é gravado nessa Almada mais velha, mais vivida, mais bonita… difundem o seu som ao longo de 7anos, mas só agora lançaram o seu primeiro CD "Tasca Beat", vale muito a pena, ouvir este que é mais que um som...
Existem dois personagens que fazem parte da história deste grupo e fazem parte da história da margem sul.
Faísca, era um senhor desempregado da Lisnave, que tinha espectáculos de magia de 10 e 30 minutos dependendo a sala de espectáculos… os de 10minutos, tinham como espaço, os cacilheiros no seu percurso entre Cacilhas e o Sodré, os espectáculos de 30minutos, eram na sala de espectáculos que fazia o percurso entre o Barreiro e Terreiro do Paço… na reforma, vivia das esmolas que os “espectáculos” lhe proporcionavam.
O segundo personagem, era o Passarinho, Rei do Assobio, foi lançado para o desemprego, quando as máquinas dispensadoras de bilhetes trocaram os serviços, dos colaboradores que até aí eram fundamentais na venda dos bilhetes para as frias e metálicas, admissões de moedas e cuspideiras de bilhetes impessoais… o Passarinho, para alem de imitar todos os assobios de pássaros, tinha por eles um amor único e verdadeiro, eu viu criar imensos! Pardais, pombos, rolas, canários, etc… fazia da rua a sua sala de espectáculos, exibindo o seu assobio fantástico e as suas músicas repartidas pelo fado vadio e pelo vadio que era o próprio! Personagem grande, forte e corpulento, mal amanhado! Era o Passarinho…
Fez parte da vida dos O’questrada e da minha, recordo-me como ele me tratava… fazendo sempre questão de me dizer que conhecia desde pequenino, como se ele me admira-se, nunca ele imaginou que o admirado ali era ele mesmo, o cobarde que nunca teve coragem de dizer isso a um “quase” sem abrigo, era eu! Como eu o admirava...
Tanto o Sr. Faísca, como o Passarinho, “passaram para o outro lado do caminho”, em 2006. O’questrada, teve o condão de me fazer lembrar destes dois personagens da minha vida. Obrigado!
Passarinho, arrependo-me de nunca lhe ter comprado o seu cd, sei que é demasiado generoso, para se ter chateado alguma vez comigo, mas onde quer que esteja este texto é todo o reflexo da admiração que desde o primeiro dia senti pelo que fazia… ali, quem de muito longe tinha valor e dotes artísticos, era sem qualquer tipo de duvida, você!
P.S.: Vejam o site http://www.oquestrada.com/, é o reflexo da forma de estar e de ser, deste que é mais que um grupo.
Sem comentários:
Enviar um comentário