
O café é uma planta nativa e originária da Etiópia, país do leste da África (antiga Absínia). Estima-se que seja conhecido há mil anos no Oriente Médio, especialmente na região de Kafa, daí, certamente, o nome “Café”. Contudo, o primeiro registo comprovado que se tem data do século XV. Por essa época, foi “descoberto” casualmente, por pastores de cabras, onde perceberam que ao comerem daquela pequena cereja (o fruto do café), os animais tornavam se mais espertos e resistentes. É claro que Kaldi, o nome atribuído a um destes pastores, passou a colher as cerejas do café e preparar, para consumo próprio, uma tonificante pasta feita com as cerejas esmagadas e manteiga. Os vizinhos árabes, no Oriente Médio, foram os primeiros a “cultivar” o café (daí Coffea arabica – nome científico de uma das mais importantes espécies de café).
Os árabes foram também os primeiros a beber café – em vez de comer ou mascar, como os pioneiros. Chegou à Europa levado por navegantes e aventureiros holandeses, alemães e italianos. No Oriente motivou guerras. No Ocidente, perseguições e censura. Houve época de ser considerada bebida demoníaca e seu consumo proibido pela igreja, mas o Papa Aurélio, apreciador de um bom café, o absolveu de qualquer culpa, liberando o consumo para os fiéis católicos. A partir do século XVII, o café tornou-se uma das bebidas mais consumidas no velho continente, passando a fazer parte definitiva dos hábitos dos europeus.
Do velho ao novo foi um pulo. Primeiro os holandeses, depois os franceses o trouxeram para as colónias que possuíam nas Américas, para aproveitar o clima apropriado ao cultivo.
O café começou, desta maneira, a florescer no continente Americano. Mas, segundo um velho costume, desde a época dos turcos, não se vendia café em grão para que não fosse plantado. Por isso, o café demorou mais um pouco a chegar ao Brasil. Entretanto, o governador do Pará, em 1727, incumbiu Francisco Mello Palheta, um oficial aventureiro luso-brasileiro, de, a pretexto de resolver, oficialmente, questões de fronteiras com os franceses da vizinha Guiana, trazer, extra-oficialmente, algumas sementes do precioso arbusto. Palheta cumpriu a risca sua missão: tornou-se amigo íntimo da esposa do governador da Guiana francesa, Mme. Dorvelier’s e, com a cumplicidade da primeira-dama, contrabandeou nossas primeiras sementes.
Em pouco tempo o café tornou-se o mais importante produto brasileiro, vindo a ser cultivado no sudeste e sul do país, estimulado pelo Vice-Rei Marquês do Lavradio que convenceu muitos fazendeiros a investir no produto. Iniciou-se, assim, um dos principais ciclos económicos da história brasileira: o Ciclo do café.
P.S.: Desde sempre em gelado, depois a Nicola e agora a Nespresso… sempre de uma forma meio distante, fez e faz parte da minha vida.